Acabar com a clandestinidade no sistema de segurança privada no Distrito Federal foi o enfoque da
Comissão Geral que aconteceu na tarde de quinta-feira (01/08) na Câmara Legislativa. A comissão presidida
pelo deputado Chico Vigilante, e diretor da CNTV, deu lugar à sessão ordinária, no plenário da Casa e
contou com a presença de lideranças sindicais, empresas particulares e representantes da segurança
pública. A estimativa é que mais de 70% dos condomínios com vigilância armada estejam nas mãos de clandestinos.
“Essa comissão é um grito contra a ilegalidade", alertou o deputado Chico Vigilante.
Um seminário extensivo à atividade de hoje foi proposto pelo parlamentar para acontecer ainda neste ano. O objetivo é que dele saia soluções objetivas de combate à clandestinidade na segurança privada no DF. O Ministério da Justiça e a Polícia Federal serão convidados para o seminário. A profissão de vigilante
é regulamentada por meio da portaria 387/84 da PF, responsável também por fiscalizar a categoria.
Os participantes da Comissão reclamaram o desrespeito com a categoria e a sociedade por empresas
irregulares, que colocam nas ruas profissionais sem preparo adequado para exercer a função de
segurança. Sendo que os vigilantes profissionais são capacitados com aulas em academia, com disciplinas
teóricas e práticas, entre elas direito criminal, direitos humanos e luta marcial, com a finalidade de garantir segurança à vida humana e ao Patrimônio. A consequência da irresponsabilidade dessas empresas
não legalizadas é o que se tem visto na mídia, com muita frequência, brutas-montes batendo, agredindo,
machucando e até matando pessoas, em vez de garantir a segurança e, em muitos casos, a culpa recaindo
sobre o profissional de vigilância regulamentado.
O deputado Chico Vigilante chamou atenção para a gravidade da clandestinidade na profissão. Para ele, as milícias no Rio de Janeiro são consequências desse tipo de irregularidade.
“Não podemos permitir que esses jagunços - porque quem agride e mata quem tem que proteger é jagunço, bandido, e não vigilante, que é contratado para garantir segurança – formem uma milícia no DF”, disse Chico.
O deputado citou diversos exemplos de casos de agressões cometidas por seguranças despreparados em bares e boates do DF. “Por isso chamei hoje aqui também empresas sérias que querem trabalhar dentro da lei para participar dessa discussão em busca de soluções. A lei não privilegia ninguém. É justa e é isso o que defendemos”, afirmou o parlamentar.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Vigilantes do DF e diretor da CNTV, Jervalino Bispo, os dados da clandestinidade no DF são críticos. “Atualmente são 30 mil os que operam de maneira irregular
contra 22 mil dentro da legalidade.
Estamos atrasados com essa discussão. Precisamos de uma legislação que puna. Nós temos um orgulho muito grande de ouvir da própria Polícia Federal que a categoria que menos se envolve com coisas erradas é a de vigilantes”, destacou Jervalino.
O dirigente sindical criticou duramente o trabalho de vigilância desenvolvido por policial militar a paisana e por motoqueiros. Para ele, o famoso “bico” feito por PM’s nas folgas é uma "baixaria" e atenta até contra a vida do próprio policial. “O sindicato já fez inúmeras denúncias sobre isso e não vai parar de fazer”.
Segundo ele, os supermercados são campões em contratar policial militar pra fazer segurança. 90% dos
deles fazem isso. “O Sindicato cobra mais fiscalização por parte da Polícia Federal, que alega falta de efetivo
suficiente”, disse.
Uma intervenção urgente por parte do Estado foi uma das soluções propostas na Comissão pelo secretário – geral da Confederação Nacional em Trabalhadores de Vigilância (CNTV), João Soares. “São pais e mães de famílias que esperam pelos filhos que saem para se divertir e muitas vezes nem voltam.
Muitos são mortos por leões de chácaras, que se dizem vigilantes em segurança privada”, falou. Soares
parabenizou a iniciativa do deputado Chico Vigilante ao discutir o tema com a sociedade e disse que
levará a mesma proposta ao Paraná, Estado onde preside o Sindicato dos Vigilantes.
O delegado Jurandir Teixeira pinto, chefe da Assessoria Institucional da Polícia Civil do DF foi sucinto: “o
nosso papel aqui hoje é orientar a sociedade para que denuncie nas delegacias civis esse tipo de prática.
A Polícia Civil garante que vai investigar”, afirmou ele. Já o representante da Secretaria de Segurança
Pública, delegado José Tadeu Braga Lopes, disse que a Secretaria desenvolve um trabalho de fiscalização,
mas a equipe é pequena. A meta é fazer convênios com o intuito de intensificar o combate a esse tipo de
ilegalidade.
Fonte: Gab. Chico Vigilante
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